Siderurgia Sustentável estimula economia de baixo carbono

21 de September de 2018

Foto: Gabriela Borelli/PNUD Brasil

À véspera do começo da primavera no Hemisfério Sul, em 21 de setembro, comemora-se o Dia da Árvore. Essencial para a vida no planeta, as árvores contribuem para a melhora do clima, são fonte de mais de 5 mil produtos e subprodutos utilizados no cotidiano e para ações de mitigação na redução das emissões de gases de efeito estufa.

É nesse contexto que o Projeto Siderurgia Sustentável incentiva a produção mais eficiente e o uso de carvão vegetal oriundo somente de florestas plantadas, manejadas de forma adequada, como estratégia para a redução de emissões.

O Brasil é o único país do mundo que utiliza o carvão vegetal para a produção de ferro-gusa, aço e ferroligas. A produção brasileira de carvão vegetal tem se tornado cada vez mais eficiente e hoje é cerca de 90% oriunda de florestas plantadas, segundo o IBGE.

Entre 2005 e 2016, cerca de 25% do ferro-gusa foi produzido com carvão vegetal no país, enquanto que, no resto do mundo, a siderurgia utilizou apenas o carvão mineral, de origem fóssil. No território nacional, Minas Gerais abriga a maior produção siderúrgica a carvão vegetal e a maior base florestal, motivo pelo qual o projeto é implementado no estado.

O investimento em tecnologias de produção sustentável para o carvão vegetal também resulta em ganhos para para a indústria “na medida em que o carvão produzido a partir das florestas plantadas apresenta melhor qualidade e, com uso de processos adequados, rende mais com a mesma quantidade de madeira”, destaca a gerente interina de projetos do PNUD Brasil Saenandoah Dutra.

Segundo o diretor do Departamento de Monitoramento, Apoio e Fomento em Ações sobre Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santhiago, a expectativa é de que os resultados do Projeto Siderurgia Sustentável  sejam estruturantes para o enfrentamento da mudança do clima com a redução de emissões de gases de efeito estufa e para a conservação das bases florestais com a redução da pressão sobre as matas nativas. “O projeto tem fornecido subsídios relevantes para formular uma estratégia de desenvolvimento sustentável para a cadeia da produção de carvão vegetal a partir das florestas plantadas”. 

Desenvolvimento do mercado rural

As árvores plantadas contribuem para a diminuição das emissões de gases que provocam a mudança global do clima ao se tornarem sumidouros de dióxido de carbono da atmosfera. Plantadas especificamente como matéria-prima para produtos que fazem parte da vida das pessoas, como papel, produtos de higiene, móveis etc, essas florestas ainda se destacam num contexto de desenvolvimento do Brasil rural com a fixação do trabalhador no campo por meio da geração de empregos qualificados e renda.

De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), o país lidera o ranking de produtividade florestal, com média de 35,7 m³/ha/ano, o que representa quase duas vezes mais do que a produtividade dos países do Hemisfério Norte. Em 2016, a produção florestal atingiu R$ 18,5 bilhões com a geração de 510 mil empregos diretos.

A área com florestas plantadas ocupa apenas 1% da área do Brasil, mas é responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais. Atualmente, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área cultivada com florestas plantadas chega a 10 milhões de hectares, com destaque para as espécies eucalipto, pinus e acácia, localizadas principalmente em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem como meta aumentar em dois milhões de hectares a área de cultivos comerciais de florestas plantadas a partir da entrada em vigor do Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PlantarFlorestas). O PlantarFlorestas trará ações para os para os próximos dez anos e está em fase de consulta pública até outubro. Sugestões podem ser enviadas ao e-mail plantarflorestas.spe@agricultura.gov.br

O Projeto Siderurgia Sustentável é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e implementado pelo PNUD. A execução do projeto conta, ainda, com Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Governo de Minas Gerais, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).