PNUD e parceiros realizam missões internacionais em busca de melhores práticas de negócios de impacto

1 de April de 2019

Foto: Arquivo Pessoal

O Brasil tem um ecossistema de negócios de impacto em expansão. São ao menos 579 empreendimentos em todo o país, focados em promover impacto social positivo, sem abrir mão da sustentabilidade financeira. Apesar do objetivo comum, os atores são diversos: bancos internacionais de desenvolvimento, family offices, capital de risco tradicional, fundos de participações, empreendedores sociais, aceleradoras de negócio, incubadoras, entre outros. Para melhorar ainda mais esse cenário, nada melhor do que aprender na prática com experiências consideradas de referência.

É justamente o objetivo das missões de benchmarking —, ou seja, busca por melhores práticas de desempenho empresarial —, realizadas pelo Sebrae e pelo PNUD Brasil em Portugal e no Reino Unido. A primeira fase das atividades, realizada no fim de 2018, contou ainda com apoio do governo federal e da EUROsociAL. Além de estimular o conhecimento de outros ecossistemas de negócios de impacto, as missões ajudaram a identificar os principais players do campo, os desafios dos empreendedores sociais e os mecanismos de apoio existentes.

Representantes de PNUD, Sebrae, Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e governo federal participaram da troca de experiência, cuja segunda e última fase se concluiu em março de 2019. A gerente de Parcerias para o Setor Privado do PNUD, Luciana Aguiar, explica que as missões ajudam a identificar oportunidades, avançar contatos e identificar o que pode ou não ser aplicado ao contexto brasileiro.

"Cada país se apropria dos negócios de impacto a sua própria maneira. É uma oportunidade de conhecer outras realidades, diferentes processos e avanços. Podemos conhecer mecanismos que não existem no Brasil e identificar formas de aperfeiçoar, a partir do aprendizado de outros países, diferentes estratégias para apoiar os negócios de impacto no país", afirma.

Entre as organizações-modelo visitadas em Portugal, estavam: Casa do Impacto, que abriga a Academia de Código e o SPEAK, dois dos mais bem-sucedidos projetos de empreendedorismo social em Portugal; Cozinha com Alma, empreendimento que apoia e capacita famílias com dificuldades financeiras temporárias; Agência de Empreendedores Sociais (SEA), cooperativa multissetorial criada em 2007 por um coletivo de empreendedores sociais; e a Câmara Municipal do Fundão, município responsável pelo Centro de Negócios e Serviços Partilhados (CNSP).

Já no Reino Unido, o intercâmbio se deu com a Impact Hub, comunidade de empreendedores de impacto; a organização Nesta, com foco em inovação social; a Hatch, aceleradora de empreendedores de comunidades; o National Lottery Community Fund, maior financiador comunitário no Reino Unido; o Connect Fund, criado para fortalecer o mercado de investimento de impacto na Inglaterra; a Ashley Community Housing (Ach), organização que promove serviços de integração para refugiados; o Resonance, fundo de investimento de impacto que oferece consultoria para que os negócios de impacto fiquem atrativos; o Engine Shed, centro de colaboração entre empresas, empresários, acadêmicos, inovadores sociais e corporações; a Social Finance UK, organização incubadora de projetos inovadores; a Clearlyso, organização que levanta capital para negócios de impacto; o Bridges Ventures, fundo de investimento de impacto; o Unltd, um dos principais apoiadores de empreendedores sociais no Reino Unido; o Zinc, que apoia empreendedores sociais com foco em resolver problemas da sociedade; e o Big Issue Invest, fundo de investimento de impacto.

O relatório do Global Entrepreneurship Monitor de 2016 indica que 2,7% da população portuguesa em idade ativa é constituída por empreendedores sociais nascentes, e 2,5% lideram ou gerem uma iniciativa de missão social. Dentre esses, cerca de metade são iniciativas inovadoras. No Reino Unido, onde o ecossistema de empreendedorismo social é considerado um dos pioneiros e mais avançados no mundo, estima-se que haja 471.000 empresas sociais, de acordo com dados do governo, divulgados em 2017. O número representa aproximadamente 9% dos pequenos negócios do país, que são responsáveis por empregar 1,44 milhão de pessoas.