Um em cada dez funcionários da Cargill dedica parte do seu tempo para atividades voluntárias – o número é representativo, já que a empresa soma atualmente mais de 20 mil colaboradores. O incentivo às atividades voluntárias na empresa de origem norte-americana acontece desde 1997, embora, no início, o voluntariado não fosse sistematizado. A partir de 2012, o tema avançou dentro da firma devido às demandas sociais voltadas à alimentação.
Em 2014, o programa de voluntariado da empresa foi lançado de forma estruturada, por meio de um reposicionamento da Fundação Cargill no tema da alimentação. O assunto foi escolhido pela coerência com o próprio negócio da Cargill (produção e processamento de alimentos), envolvendo questões sociais e alimentação equilibrada. Atualmente, a companhia emprega cerca de 20 mil pessoas em todo o Brasil, e 10% do quadro de funcionários atua voluntariamente em ações sociais da empresa. Em 2012, esse percentual era de 5%.
O projeto foi vencedor do prêmio Viva Voluntário 2018 na categoria "Voluntariado Empresarial", em reconhecimento a suas atividades. O Viva Voluntário é uma parceria da Casa Civil da Presidência de República com o PNUD.
Incentivos
A política da empresa é de que os funcionários possam usar quatro horas do expediente de trabalho por mês para ajudar a comunidade. "Os funcionários que se envolvem com essas ações costumam ser mais engajados com a empresa e sentem que estão fazendo algo de bom ao beneficiar a comunidade onde a empresa se encontra", afirma o analista de projeto Cesar Neres, responsável pelo programa de voluntariado da Fundação Cargill.
Além disso, segundo Neres, esses funcionários têm a oportunidade de melhorar e desenvolver habilidades como comunicação, trabalho em equipe, liderança, planejamento e eficiência, já que precisam se comprometer a entregar seu trabalho mesmo com quatro horas a menos dentro da empresa.
"Funcionários comprometidos com o trabalho voluntário costumam se manter por mais tempo na empresa, além de serem promovidos, já que entregam seu trabalho no prazo devido, mesmo com a jornada reduzida por conta das ações sociais", explica. "Eles vão além do seu trabalho, e muitos são considerados funcionários diferenciados".
Além dos ganhos profissionais, Neres também pontua os benefícios pessoais percebidos por quem decidiu participar das ações da empresa. Os voluntários citam, por exemplo, que a consciência alimentar e nutricional melhorou desde que iniciaram sua participação como voluntários, e estão comendo melhor e com mais qualidade.
Oficinas
A Cargill traz o tema da alimentação para as comunidades em quatro oficinas fixas: educação alimentar, jogos de tabuleiro, oficina de horta e oficina culinária, além de atividades complementares específicas de acordo com as necessidades da comunidade. Aprofundar o compartilhamento de informações com os beneficiados impacta a vida e o conhecimento dos voluntários da empresa.
A Cargill está presente em 190 localidades no Brasil, e o programa de voluntariado opera em 60 delas. Isso se deve ao fato de que algumas regiões são muito pequenas e o trabalho voluntário fica inviável durante o horário do expediente. Segundo Neres, a empresa pensa em formas de facilitar para que os funcionários dessas localidades menores também possam se envolver e ser beneficiados pelo programa.
Para viabilizar o envolvimento dos colaboradores, as ações acontecem em diferentes períodos durante o ano, dependendo da cidade. O volume de trabalho costuma ser menor durante a entressafra, e é exatamente nesse período que o trabalho junto às comunidades é realizado.