Relatório mostra que 3,8% da população brasileira se encontrava em situação de pobreza multidimensional em 2015

12 de July de 2019

Foto: Luiz Gonçalves Martins

Quase 4% da população brasileira se encontrava em situação de pobreza multidimensional em 2015. O dado faz parte do mais recente relatório do PNUD e da Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI), o Índice de Pobreza Multidimensional Global 2019 (IPM), que aponta as disparidades relacionadas à forma como as pessoas vivenciam a pobreza

O IPM de 2019, lançado globalmente na última quinta-feira 11, traça um quadro detalhado da pobreza para 101 países e 1.119 regiões subnacionais. Cobre 76% da população global e vai além de medidas simples, baseadas na renda, para observar como as pessoas vivenciam a pobreza todos os dias. No IPM, quanto mais próximo o valor estiver de zero, menor é a pobreza multidimensional de um país.

Dados brasileiros

Em 2015, 3,8% da população brasileira, ou aproximadamente 7,7 milhões de pessoas, encontravam-se em condições de pobreza multidimensional.

De acordo com o resultado do relatório, o IPM do Brasil é de 0,016, o mesmo da China. À frente do Brasil, na América Latina, estão Trinidad e Tobago (0,002), Santa Lucia (0,007), Guiana (0,014) e República Dominicana (0,015).

A coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do PNUD Brasil, Samantha Dotto Salve, explica que o IPM é representado, também, pela intensidade da privação a que as pessoas estão submetidas. "Há países onde a maioria das pessoas pobres ainda vive uma pobreza extrema, mas no caso do Brasil a pobreza extrema multidimensional é vivenciada por 0,9% da população", afirma.

Segundo a pesquisa, a dimensão que mais contribui para a pobreza no Brasil é a saúde, que tem 49,8% de participação no índice, em detrimento dos padrões de vida (27,3%) e da educação (22,9%). Entre os indicadores, os que mais contribuem para o resultado no IPM, ou seja, onde os brasileiros sofrem porcentagem mais elevada de privação, são mortalidade infantil (49,8%), seguida de anos de escolaridade (19,8%) e saneamento (11,9%).

Os dados do país têm como fonte a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Anual de 2015.

Pobreza Multidimensional

A pobreza costuma ser definida por medidas unidimensionais – geralmente, baseadas na renda. Mas nenhum indicador isolado pode capturar as múltiplas dimensões da pobreza. Por isso, o conceito de pobreza multidimensional engloba as várias privações que as pessoas em situação de pobreza vivenciam em seu cotidiano – como saúde, trabalho e educação precários, falta de empoderamento, ameaça de violência, más condições de habitação, de acesso a água e eletricidade, entre outras.

Uma medida multidimensional da pobreza pode incorporar uma série de informações que vão para além da renda e que capturam a complexidade desse fenômeno, a fim de basear políticas destinadas a reduzir a pobreza e a privação em um determinado país, focando em suas necessidades e prioridades.