Desigualdade na distribuição de vacinas prejudica recuperação econômica mundial

22 de July de 2021

Foto: Divulgação PNUD/PAPP

Nova York, 22 de julho – A desigualdade na distribuição da vacina contra a COVID-19 terá impacto duradouro e profundo na recuperação socioeconômica em países de renda baixa e média-baixa se não houver ação urgente para aumentar o fornecimento e garantir o acesso equitativo a todos os países, inclusive por meio do compartilhamento de doses, segundo novos dados divulgados hoje pelo PNUD, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Universidade de Oxford.

Aceleração no aumento da produção e na distribuição de doses suficientes de vacinas a países de baixa renda poderia ter adicionado US $ 38 bilhões à previsão do PIB desses países para 2021 se eles tivessem taxas de vacinação semelhantes às de países de alta renda. Em um momento em que as nações mais ricas gastam trilhões em estímulos para sustentar economias em declínio, é hora também de garantir que doses de vacina anti-COVID-19 sejam distribuídas rapidamente, todas as barreiras para aumentar a fabricação de vacinas sejam removidas, e o apoio financeiro seja garantido para que os imunizantes sejam distribuídos de forma equitativa, e a recuperação econômica global possa de fato ocorrer.

Um alto preço por dose de vacina contra COVID-19 em relação a outras vacinas e os custos de entrega – sem contar o aumento da força de trabalho na área da saúde – podem exercer forte pressão sobre sistemas sanitários frágeis e minar a imunização de rotina e serviços de saúde essenciais, além de causar picos alarmantes de sarampo, pneumonia e diarréia. Há também claro risco, em termos de oportunidades perdidas, para a expansão de outros serviços de imunização como, por exemplo, a distribuição segura e eficaz de vacinas contra o HPV. Os países de baixa renda precisam, em tempo hábil, de acesso a vacinas a preços sustentáveis ​​e de apoio financeiro.

Observações como essas estão no Painel Global sobre Equidade da Vacina contra COVID-19, iniciativa conjunta do PNUD, da OMS e da Escola de Governo Blavatnik da Universidade de Oxford, que combina as informações mais recentes sobre a vacinação anti-COVID-19 com os dados socioeconômicos mais recentes para demonstrar por que acelerar a equidade da vacinação não é apenas crítico para salvar vidas, mas também para conduzir a uma recuperação mais rápida e justa da pandemia, com benefícios para todos.

“Em alguns países de renda baixa e média, menos de 1% da população está vacinada. Isso está contribuindo para uma recuperação desigual da pandemia de COVID-19,” declarou o Administrador do PNUD, Achim Steiner. “É hora de uma ação coletiva rápida. Este novo Painel de Equidade de Vacinas fornecerá aos formuladores de políticas e organizações internacionais informações exclusivas para acelerar a distribuição global de vacinas e mitigar os impactos socioeconômicos devastadores da pandemia."

De acordo com o novo Painel, que se baseia em dados de várias entidades, incluindo FMI, Banco Mundial, UNICEF e Gavi, e em análises sobre as taxas de crescimento do PIB per capita do World Economic Outlook, os países mais ricos devem vacinar mais rapidamente e se recuperar economicamente mais depressa da COVID -19, enquanto os países mais pobres não conseguiram nem mesmo vacinar seus profissionais de saúde e a população mais vulnerável e podem não atingir os níveis de crescimento pré-COVID-19 até 2024. Enquanto isso, a variante Delta e outras cepas estão levando alguns países a restabelecer medidas sociais duras em termos de saúde pública. Isso está agravando ainda mais o impacto social, econômico e de saúde, especialmente para as pessoas mais vulneráveis ​​e marginalizadas. A desigualdade na vacinação ameaça todos os países e corre o risco de reverter o progresso duramente conquistado quanto aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“A desigualdade na vacinação é o maior obstáculo do mundo para acabar com esta pandemia e se recuperar da COVID-19”, afirmou Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde. “Econômica, epidemiológica e moralmente, é do interesse de todos os países usar os dados mais recentes disponíveis para disponibilizar a todos vacinas que salvam vidas.”

Projetado para capacitar formuladores de políticas públicas e parceiros da área de desenvolvimento a tomarem medidas urgentes para reduzir a desigualdade na vacinação, o Painel Global separa o impacto da acessibilidade e o da viabilidade financeira em relação a uma meta para os países vacinarem suas populações em risco, primeiro para reduzir a mortalidade e proteger o sistema de saúde e, depois, avançar para a vacinação de partes maiores da população, de modo a reduzir a carga da doença e revitalizar a atividade socioeconômica.

O Painel tem o apoio do Plano de Ação Global para Vidas Saudáveis ​​e Bem-estar para Todos (ODS3 GAP), que visa melhorar a colaboração em todo o sistema multilateral para apoiar uma recuperação equitativa e resiliente da pandemia e impulsionar o progresso dos ODS relacionados à saúde.

“É necessário fechar a lacuna da vacina para deixar essa pandemia para trás. O Painel pode ajudar a aumentar e acelerar a entrega global de vacinas, fornecendo informações precisas e atualizadas não apenas sobre quantas vacinas foram administradas, mas também sobre as políticas e mecanismos pelos quais as fazemos chegar aos braços das pessoas”, declarou Dr. Thomas Hale, professor associado de Políticas Públicas Globais da Escola de Governo Blavatnik da Universidade de Oxford.

O Painel será atualizado em tempo real à medida que novos dados forem disponibilizados, preenchendo uma lacuna crítica para ajudar a orientar a compreensão da comunidade internacional sobre o que pode ser feito para alcançar a igualdade na vacinação. Os usuários podem e são incentivados a baixar todos os conjuntos de dados completos no site 

https://data.undp.org/vaccine-equity/