Hackcovid-19: 2º e 3º colocados propõem uso de robôs contra impactos da pandemia

14 de July de 2020

Equipe Hackcovid à Vera

Das quatro propostas vencedoras do Hackcovid-19, a segunda e a terceira colocadas propõem o uso de robôs para garantir a usuários o acesso, respectivamente, a informações verificadas e ao atendimento inclusivo na rede primária de saúde.

Realizada entre 15 e 17 de maio, a maratona virtual de programação reuniu 983 participantes e recebeu 82 propostas com foco em soluções para os impactos da pandemia. A iniciativa é do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), com apoio do PNUD.

A proposta vice-campeã, Hackcovid à Vera, foi idealizada por alunos de pós-graduação de diferentes áreas que atuam como pesquisadores do LNCC, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O objetivo do projeto é combater, de forma precisa e automática, informações falsas e boatos que circulam na internet durante a pandemia.

Já o projeto Dra. June, contemplado com o terceiro lugar, foi proposto por integrantes do laboratório de inovação do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos da Fiocruz. Trata-se de um sistema de mensagens automático (chatbot) para atendimento inclusivo na rede primária de saúde em casos suspeitos de COVID-19.

  • Confira aqui as propostas campeã e da categoria computacional. 

2º lugar: Hackcovid à Vera

Batizada de Vera, a robô para o Twitter propõe uma varredura em todo o conteúdo referente à pandemia postado por influenciadores digitais e confere se as informações procedem ou não após uma segunda pesquisa em notícias, artigos científicos e fontes verificadas. A proposta ainda convida usuários a denunciarem, por meio da hashtag #ChamaAVera, notícias falsas e boatos publicados por perfis menores.

De acordo com a integrante da equipe e estudante de doutorado do LNCC, Maria Luiza Mondelli, o principal diferencial do projeto é identificar os influenciadores, uma vez que muitas verificações de fake news atualmente são feitas em um processo de curadoria manual. “Nossa ideia inclui a identificação de influenciadores para cortar o problema pela raiz e pegar quem tem um alcance grande para fazer uma verificação direcionada e rápida quanto ao potencial espalhador de fake news”, explica.

Mondelli reforça que o projeto é importante, pois faz com que os usuários participem do processo de combate às notícias falsas. “Tentamos trazer a consciência de que, apesar de a gente estar se propondo a fazer a verificação, todo o mundo pode fazer isso em seus grupos”, afirma. A equipe diz que já tinha uma ideia sobre como funcionava a disseminação de fake news, mas, após o hackathon, entendeu melhor a complexidade do problema.

Atualmente, o grupo está implementando pequenas tarefas para armazenar denúncias e convida os usuários a usarem a hashtag #ChamaAVera para colaborar e apontar disseminadores de fake news.

A equipe Hackcovid à Vera é formada por Maria Luiza Mondelli, Nathália Barbosa, Henrique Mello, Claudio Tenório, Haron Calegari e Víctor Ribeiro.

3º lugar: Dra. June

Nomeado em homenagem à médica escocesa June Almeida, primeira cientista a identificar um vírus do tipo corona na década de 1960, o Dra. June é um sistema de mensagens automático (chatbot) pensado para agir de maneira inclusiva no atendimento primário a pessoas que vivem em comunidades periféricas, como favelas, aldeias indígenas e populações ribeirinhas.

Para evitar barreiras à utilização, o usuário pode interagir com o Dra. June não apenas por escrito, mas por voz. Assim, pessoas analfabetas, com problemas motores ou de visão também poderão utilizar o sistema. O chatbot faz perguntas sobre sinais clínicos do paciente e, a partir das respostas, por Inteligência Artificial, define se é um caso leve, moderado ou grave.

A integrante da equipe e pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz, Klena Sarges, explica que o paciente recebe orientações sobre como agir dependendo da gravidade do caso. Além disso, as informações do sistema são compartilhadas com órgãos de saúde e lideranças comunitárias. “Essa também é uma boa ferramenta para melhorar a tomada de decisão dos órgãos de saúde, pois, a partir do momento em que a pessoa permite que a gente acesse sua localização, será possível sinalizar que há três, cinco ou dez casos suspeitos de COVID-19 na região”, explica.

A ideia é conectar o chatbot ao aplicativo WhatsApp e a outras redes sociais, uma vez que muitas operadoras não cobram por esse acesso. Agora, a fase é de aprimorar as questões do atendimento por voz, do link com os aplicativos e da geolocalização.

A equipe é formada por Renata Frota, Klena Sarges, Igor Machado e Fábio Daudt.

Hackcovid-19

A escolha dos vencedores do Hackcovid-19, dentre as 82 propostas enviadas, foi feita por uma comissão julgadora de 12 pessoas, considerando os critérios de criatividade, aplicabilidade da solução, apresentação do pitch (resumo do projeto para possíveis investidores), disruptividade da inovação e viabilidade tecnológica.

O PNUD apoiou as diferentes etapas da maratona virtual, desde a disseminação da chamada pública até a publicização das propostas vencedoras, passando pela ativação e monitoria de iniciativas e a colaboração técnica com seu comitê de seleção.